No início do século XX, o crepúsculo do progresso pairava sobre várias nações. O Brasil, por sua vez, galgava degraus que pudessem levá-lo ao patamar das nações modernas.
Como elementos propulsionadores do grande comércio varginhense, que se irradiava por grande extensão do Sul do Estado, surgiram as primeiras agências bancárias na região. Varginha passou a contar, então, com dois magníficos estabelecimentos bancários em meados de 1915: o primeiro a se instalar foi o Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais e depois, a agência do Banco do Brasil, ambas luxuosamente instaladas, próximas à Casa da Cidade, à Rua Alves e Silva.
Quando o Banco do Brasil estabeleceu-se em Varginha, haviam apenas 35 agências no Brasil. Isto significa que, em 1918, a cidade de Varginha já era vista com bons olhos pelos “homens do dinheiro” da época.
Com o passar do tempo, houve a necessidade de procurar um espaço que realmente fosse condizente com a importância do estabelecimento. Por isso, nos fins de 1919, teve início a construção de uma nova agência para o Banco do Brasil, localizada próxima à Estação Ferroviária. E não poderiam ter escolhido local mais adequado, afinal de contas, aquele local era a alma comercial de Varginha.
Contrataram os irmãos Pires, eficientes empreiteiros, que utilizavam de esmero e eficiência para a execução de suas obras. E não podia ser diferente, pois, tão esplendorosa obra carecia de mãos prestimosas para erigir o prédio, símbolo do progresso que a cidade já vislumbrava.
No afã do esforço modernizador, em 1920, a obra chegou a seu termo. Todos os preparativos para a tão esperada inauguração enfervilhavam a cidade. Ilustres capitalistas e importantes personalidades eram esperadas.
Na parte de cima do prédio, uma magnífica casa servia ao gerente do banco. Para facilitar o percurso entre a parte superior do prédio, que era a residência, e a parte inferior, onde localizava-se a agência bancária, foi construída uma porta de acesso, para uso exclusivo do gerente. Os familiares do gerente podiam desfrutar do movimento que cercava a Estação Ferroviária através da sacada que colocava-se majestosa à frente do prédio.
Com mecanismos de operação, considerados eficientes para a época, o Banco do Brasil proporcionou diversas transações financeiras, que muito engrandeceram a cidade de Varginha e as cidades da região. Grandes lucros foram auferidos na época, em função de suas negociações.
O Banco do Brasil ali funcionou até meados da década de 60
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O Banco do Brasil ali funcionou até meados da década de 1960. Após sua mudança, o imóvel foi utilizado como domicílio residencial. Hoje o imóvel pertence ao Sr. Aldamir Pinto Rezende, que não mede esforços para a preservação do prédio.
DESCRIÇÃO
Com o surgimento das primeiras agências bancárias e com o crescimento de comércio, houve a necessidade de procurar um local mais adequado para este tipo de estabelecimento. E não poderia ter sido melhor a sua localização, próxima à Estação Ferroviária, alma comercial de Varginha naquela época.
Para a construção do então Banco do Brasil, símbolo do progresso da cidade, foram contratados os eficientes irmãos Pires, que inauguram sua obra em 1920.
Obra esta em estilo neoclássico (demarcação, com atributos imponentes, de sua função, diferenciando-a das simples moradias) e eclético (utilização de produtos industrializados e novas técnicas construtivas). Caracteriza-se por sua fachada ornamentada e carregada de elementos decorativos.
A construção está situada em terreno em aclive, seguindo a implantação característica daquela época: alinhamento junto à via pública, sem recuo frontal e com recuo lateral, neste caso, recuo da lateral direita, já que a lateral esquerda encontra-se alinhada também junto à via pública.
O prédio tem dois pavimentos, de sólida construção, feito com tijolos maciços, tem uma enorme variedade de espessuras de paredes, desde paredes de 10, 18cm até paredes de 30 e 60cm. O pavimento térreo é destinado à área administrativa e o pavimento superior, destinado à moradia.
Devido a função, antes bancária, hoje administrativa, do pavimento térreo ostenta-se um amplo salão sustentado, na sua parte central, por duas majestosas e trabalhadas colunas (5,00m de altura), colunas estas divididas em base, fuste e capitel, que de acordo com o estilo, capitel coríntio.
Pela grandiosidade e beleza do salão dá para imaginar tamanha curiosidade das pessoas em fazerem até filas para adentrarem ao recinto. O imenso cofre que fora instalado em uma das laterais do salão, conserva-se até hoje com suas portas, uma de grade e outra grossa de chapa de ferro.
Quem adentra o pavimento térreo não pode deixar de olhar para o alto e perceber o bonito elemento decorativo na parte central do teto, locado entre as duas belas colunas. Elemento este redondo, pintado em cinza metálico, com uma fileira circular de estrelas começando pequena e terminando maior e ao redor das estrelas, flores.
O pavimento superior é amplo, com vasta sala e distribuído da seguinte forma: a entrada principal faz-se por uma saleta (hall) que leva-nos à direita a um quarto; à sua frente, um corredor leva-nos a uma quarto adentrando em outro (estilo da época). Do seu lado esquerdo, uma imensa sala que dá para um pequeno corredor, que leva-nos à cozinha, aos banheiros e a um outro quarto.
Com recuo nos fundos e na lateral foi possível ter-se quintal e uma garagem.
A base da edificação é revestida de mármore escuro e toda a fachada da mesma, apresenta revestimento com reentrâncias, maiores no pavimento térreo e menores no pavimento superior, dando a impressão de que o prédio é dividido em faixas horizontais.
USO ATUAL
Museu Municipal de Varginha
ANÁLISE DO ENTORNO
A Antiga Agência do Banco do Brasil, em estilo neoclássico e eclético, está situado em terreno em aclive, no alinhamento junto à via pública, sem recuo frontal, delimitado pela praça Matheus Tavares, e seu recuo lateral esquerdo delimitado pela rua Presidente Álvaro Costa. Do lado direito temos como vizinho o edifício residencial/comercial número 156, Antigo Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais; no fundo edificações comerciais, sendo uma delas o Hotel do Comércio.
O prédio em questão localiza-se em uma área com edificações importantes da época.